REUNIDOS
PELO ESPÍRITO, SOMOS CONVIDADOS A TOMAR PARTE NO BANQUETE FESTIVO DAS BODAS DE
CANÁ.
1ª Leitura Isaias 62, 1-5
Salmo 95 “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, manifestai os seus prodígios
entre os povos.
2ª Leitura 1Cor 12, 4-11
Evangelho João 2, 1-11
Não sei dizer a razão pela qual faltou o vinho nas
Bodas de Cana, talvez a família não tivesse muitos recursos e fez uma festa bem
modesta, só para os mais íntimos. Também pode ser que o encarregado da cozinha,
tenha errado no cálculo, ou então, porque havia um número excessivo de
“penetras”. Só sei que os convidados das bodas de Canaã ficaram admirados com a
qualidade e o sabor inigualável daquele vinho que serviram na última hora, quando
muitos já estavam até embriagados. Os discípulos e os que serviam estavam de
boca aberta, pois só eles sabiam que todo aquele vinho delicioso fora tirado de
seis talhas de barro, cheias de água. Um prodígio promissor para Jesus iniciar
seu ministério!
Em Israel muita gente andava descontente com a religião,
porque transformaram o Deus da Aliança, tão rico em bondade e misericórdia, em
um legislador implacável, alguém frio que passava os dias observando
atentamente quem ousava desrespeitar a lei de Moisés. As pessoas iam ao templo
ou nas sinagogas com o
coração pesado, por medo do que pudesse acontecer,
se deixassem de observar alguma das de seiscentas e treze leis e prescrições da
religião. Existiam para os faltosos a possibilidade de se livrarem da culpa,
cumprindo os rituais de purificação feitos com água, mas que também era
complicado pois naquele tempo não se tinha a facilidade da água encanada como
hoje.
Às vezes a prática da religião se torna um peso
quase insuportável, as vezes ao receber um sacramento, ou ao término de alguma
celebração, há quem dê um suspiro de alívio “Oba ! já cumpri minha obrigação e
estou livre!” para curtir o domingão. Certa ocasião depois da celebração de
crisma, um adolescente em frente a igreja dava pulos e esmurrava o ar
festejando quando alguém perguntou; “feliz com a crisma recebida?” . Muito
feliz desabafou o jovem pois agora não preciso mais vir à igreja e estou livre!
Para ir a uma festa, um dia antes já estamos na
expectativa, já para ir à igreja, chegamos na última hora e ás vezes, se a
celebração se alongar um pouco, saímos antes da bênção final pois só temos
paciência para aguentar a missa por uma hora. Precisamos rever o que está
errado, nossas liturgias não podem resumir-se ao “oba-oba” mas temos que lhe
dar vivacidade para que as pessoas saiam convencidas da graça de Deus e cheias
de coragem para dar testemunho.
Não vale a pena praticar esse tipo de religião meramente
cultual ! Nas bodas de Caná Jesus, ao transformar a água da purificação em
vinho da melhor qualidade, acabou com essa “chatice religiosa” mas muitos ainda
hoje insistem em beber desse vinho azedo de uma religião angustiante, que bota
freios no ser humano e coloca em seus olhos uma “viseira” para somente enxergar
na direção que aponta os dirigentes “iluminados” sendo terminantemente proibido
olhar em outra direção.
A verdadeira religião supõe liberdade e uma alegria
incontida pelo fato de se tomar conhecimento de que Deus, apaixonado pelo
homem, manifestou o seu amor no seu filho Jesus, que ao chegar a sua hora, a
hora de mostrar a que veio, em um gesto de loucura aos olhos de muitos,
derramou até a última gota do seu sangue na cruz do calvário, para que nós
pudéssemos ser felizes e ter uma vida nova como pessoas libertas.
É este o pensamento que deve nortear a nossa relação
com Deus no âmbito da Igreja, uma alegria de saber que ele nos ama tanto,
que ele só quer o nosso bem em seu sentido mais
pleno, um amor que nos ama sem exigir nada, sem cara feia, sem mau humor, sem
palavras amargas e sem nenhuma censura – Deus é amor infinito, bondade eterna e
misericórdia para sempre! É essa, portanto, a novidade que Jesus traz ao mundo
nas bodas de Caná, ele é na verdade o noivo apaixonado pela noiva que é a
Igreja, assembléia de todos os que creem. Uma noiva (Igreja) não muito bela e
nem sempre fiel, que às vezes se deixa seduzir por outros “paixões”.
Entendida e aceita essa
verdade, a Palavra de Deus celebrada e proclamada em nossas comunidades, é uma
carta de amor que ouvimos com o coração aos pinotes, e a Eucaristia se
transforma em um jantar a luz de velas com Cristo Jesus, o amado de nossa vida
, ao sabor do vinho novo da graça santificante que nos salva e liberta.
Irradiar este amor a todos com o testemunho de vida, é a única forma de
transformar a sociedade e não adianta se buscar outras alternativas, pois
somente assim a glória de Cristo será manifestada semeando a fé no coração dos irmãos
duvidosos.
Pe. Rosevaldo Bahls
Cascavel, 16 de 01 de
2013.
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