Um Batismo para assumir publicamente um compromisso.
1ª Leitura Is 42, 1-4.6-7
Sl 28
2ª Leitura At 10, 34-38
Evangelho Lc
3,15-16.21-22
Jesus recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu
se abriu. Hoje nós celebramos a festa do Batismo de Jesus. O Evangelho narra à
cena. Jesus é declarado Filho de Deus, em carne mortal. O batismo de Jesus é
prenúncio do nosso. O Evangelho começa referindo-se a João Batista, mostrando
como ele incentivava o povo a reunir-se em torno de Jesus. Domingo passado, nós
celebramos a epifania de Jesus a todos os povos. Hoje é a sua epifania,
manifestação, feita por Deus Pai. Ao colocar-se na fila dos pecadores para ser
batizado por João, Jesus queria ser considerado como mais um pecador, uma vez
que tinha assumido a nossa condição de pecadores, ainda que nunca tivesse
pecado. “Jesus, existindo em forma divina, não considerou como presa a agarrar
o ser igual a Deus, mas despejou-se, assumindo a forma de escravo, e
tornando-se igual ao ser humano” (Fl 2,6-7).“E o Espírito Santo desceu sobre
Jesus em forma visível, como pomba. E do céu veio uma voz: Tu és o meu Filho
amado, em ti ponho o meu bem-querer.” Esta declaração pública de Deus Pai sobre
a filiação divina do homem Jesus, mais a vinda do Espírito Santo, constituem a
sua
consagração e o credencial para ele exercer a sua
missão de profeta e de redentor. Ele é o Ungido (em português), o mesmo que o
ias (em hebraico) e o Cristo (em grego). É também o Filho de Deus e o Senhor. A
unção de Jesus supera a unção dos profetas, reis e sacerdotes no Antigo
Testamento. Com o batismo, Jesus sai do anonimato, depois de trinta anos de
vida familiar oculta em Nazaré. Este batismo que Jesus recebe de João Batista é
anúncio do batismo de sangue que experimentará em sua paixão, morte e
ressurreição. É também a inauguração do nosso batismo, como fala o prefácio da
missa de hoje: “Nas águas do rio Jordão, revelais o novo batismo, com sinais
admiráveis”. O batismo é para nós um dom, um sinal de predileção de Deus e um
chamado. Como no batismo de Jesus, estão presentes no nosso batismo as três
Pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O batismo nos torna filhos
e filhas de Deus, irmãos entre nós e continuadores da missão de Jesus. Que
assumamos a nossa missão com generosidade, como fez Jesus. “E, enquanto rezava,
o céu se abriu.” Isso acontece também conosco, quando somos batizados. O céu se
abre para nós, porque antes ele estava fechado, por causa do pecado original. “O
Espírito Santo desceu sobre Jesus.” No nosso batismo, o Espírito Santo vem
também sobre nós. Ele nos vem como luz e como força. Como luz, para nos mostrar
o caminho que conduz à glória de Deus e à nossa felicidade; e como força, para
vivermos dignamente como cristãos, vencendo as tentações do mal, que nos chegam
de mil formas. “Em forma visível, como pomba.” É para lembrar aquela pomba que,
após o dilúvio, veio avisar a Noé que as águas haviam abaixado (Cf Gn 8). O
batismo é para nós o fim do castigo (dilúvio) e o começo de uma nova amizade
com Deus (a Aliança, representada pelo arco-íris – Cf Gn 9,12-13). A pomba
simboliza também a paz. O batismo nos torna pacífico e construtores da paz. “Tu
és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer.” É Deus Pai falando. Só
agrada a Deus Pai quem ama a Jesus e o segue, participando da sua Igreja. Deus
Pai fala essa mesma frase para nós, após o nosso batismo. Nós nascemos de novo
e nos tornamos filhos e filhas de Deus e irmãos entre nós. Recebemos a graça de
Deus. “Se conhecesses o dom de Deus!” (Jo 4,10). Como é bom saber que somos
amados por Deus! Que sejamos também bons filhos e filhas deste Pai que nos ama!
Deus investiu muito em nós também, e espera que produzamos frutos. Antigamente, quando a pessoa era batizada,
trocava de roupa, para representar a mudança interior. Logo após o batismo,
Jesus foi para o deserto preparar-se para a sua missão. Lá, jejuou e fez
penitência. Ao voltar do deserto, começou a dizer em alta voz: “Completou-se o
tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova!” (Mc
1,15). O batismo e a crisma nos impulsionam para cumprirmos a missão recebida
de Deus. Aconselha-se a fazer hoje a renovação das promessas do batismo. Certa
vez, dois garotos adolescentes estavam numa floresta. Um era cego e o outro
coxo, por cuja deficiência não podia caminhar com velocidade. De repente, foram
surpreendidos por um incêndio na floresta. Aquele fogo alto consumia as árvores
e vinha na direção deles. Os dois tiveram uma iniciativa: o cego colocou o
deficiente das pernas nas costas, este ia indicando o caminho, e o cego
correndo. Assim, se livraram do incêndio. A entre ajuda e a vida em Comunidade
são fundamentais para o cumprimento da nossa vocação batismal. Apesar de nossas
limitações, a ajuda mútua nos possibilita livrar-nos do incêndio do pecado e
construir o Reino de Deus. Que Maria Santíssima e S. João Batista, que foram
tão generosos na obediência a Deus, nos ajudem a viver a nossa vocação
batismal. Jesus recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu.
Pe. Rosevaldo Bahls
Cascavel, 11 de 01 de 2013.
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