A SALVAÇÃO PERTENCE A NOSSO DEUS,QUE ESTÁ SENTADO NO TRONO, E AO
CORDEIRO.
Hoje, a Igreja volta seu olhar e seu coração para o
céu e enche-se de alegria ao contemplar uma multidão que participa da glória e
da plenitude do Deus Santo.
A nossa fé nos ensina que somente Deus é Santo. Na
Bíblia, "santo" significa, literalmente, "separado". Deus é
aquele que é separado, absolutamente diferente de tudo quanto exista no céu e
na terra: Ele é único, Ele é absoluto, Ele sozinho se basta, sozinho é pleno,
sozinho é infinitamente feliz. Ele é Deus! Por isso, Santo, em sentido
absoluto, é somente o Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo. A Jesus, o
Filho eterno feito homem, nós proclamamos em cada missa: "Só vós sois o
Santo"; ao Pai nós dizemos: "Na verdade, ó Pai, vós sois Santo e
fonte de toda santidade"; ao Espírito nós chamamos de Santo.
Mas, a nossa fé também nos ensina que este Deus
santo e pleno, dobra-se carinhosamente sobre a humanidade – sobre cada um de
nós - para nos dar a sua própria vida, para nos fazer participantes de sua
própria plenitude, sua própria santidade. Foi assim que o Pai, cheio de imenso
amor, enviou-nos seu Filho único até nós, e este, morto e ressuscitado,
infundiu no mais íntimo de nós e de toda a
Igreja o seu Espírito de santidade. Eis, quanta
misericórdia: Deus, o único Santo, nos santifica pelo Filho no Espírito: "Vede que grande presente de amor o Pai
nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!" É
isto a santidade para nós: participar da vida do próprio Deus, sermos
separados, consagrados por ele e para ele desde o nosso Batismo, para vivermos
sua própria vida, vida de filhos no Filho Jesus! É assim que todo cristão é um
santificado, um separado para Deus. Mas, esta santidade que já possuímos deve,
contudo, aparecer no nosso modo de viver, nas nossas ações e atitudes. E o
modelo de toda santidade é Jesus, o Bem-aventurado. Ele, o Filho, foi
totalmente aberto para o Pai no Espírito Santo e, por isso, foi totalmente
pobre, totalmente manso, totalmente puro e abandonado a Deus no pranto, na fome
de justiça e na misericórdia. Então, ser santo, é ser como Jesus, deixando-se
guiar e transformar pelo seu Espírito em direção ao Pai. Esta santidade é um
processo que dura a vida toda e somente será pleno na glória. São João nos fala
disso na segunda leitura de hoje:"Quando
Cristo se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele
é".
Nesta perspectiva, podemos contemplar a estupenda
leitura do Apocalipse que escutamos como primeira leitura. O que se vê aí? Uma
multidão. Primeiro, cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel.
Isto simboliza todo o Israel. Recordemos: 12 é o número do Povo do Antigo
Testamento. Pois bem, cento e quarenta e quatro mil equivale a 12 x 12 x 1000,
isto é, à totalidade de Israel. Deus não se cansou de chamar o povo da antiga
aliança: Israel haverá de ser salvo pelo sangue de Cristo. Mas, há ainda
mais: "Depois disso, vi uma
multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que
ninguém podia contar.
Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro". Essa
multidão são todos os povos da terra, chamados por Cristo, na Igreja, para a
salvação, para a santificação que Deus nos oferece. Notemos bem: "uma multidão que ninguém podia contar". A
salvação é para todos, a santidade não é para um grupinho de eleitos, para uma
elite espiritual. Todos são chamados a essa vida divina que Deus quer partilhar
conosco, todos são chamados à santidade! "Trajavam vestes brancas e traziam palmas nas mãos. São os que
vieram da grande tribulação e lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do
Cordeiro". Eis quem são os santos: aqueles que atravessaram as
lutas desta vida, as tribulações desta nossa pobre existência, unidos a Cristo;
são os que venceram em Cristo – por isso trazem a palma da vitória; são os que
não tiveram medo de viver e, se caíram, se erraram, foram, humildemente,
lavando e alvejando suas vestes no sangue precioso de Cristo: são santos não
com sua própria santidade, mas com a santidade do Cristo-Deus. Nunca
esqueçamos: ninguém é santo com suas forças, ninguém é santo por sua própria
santidade: só em Cristo somos santificados, pois somente Cristo derrama sobre
nós o Espírito de santidade. O nosso único trabalho é lutar para acolher esse
Espírito, deixando-nos guiar por ele e por ele sermos transfigurados em Cristo!
Olhemos para o céu: lá estão Pedro e Paulo, lá estão
os Doze, lá estão os mártires de Cristo, os santos pastores e doutores, lá
estão as santas virgens e os santos homens, lá estão tantos e tantos – uns,
conhecidos e reconhecidos pela Igreja publicamente, outros, cujo nome somente
Deus conhece; lá está a Santíssima e Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe e
discípula perfeita do Cristo, toda plena do Espírito, toda obediente ao Pai.
Eles chegaram lá,
eles intercedem por nós, eles são nossos modelos,
eles nos esperam.
Num mundo que vive estressado, que corre sem saber
para onde... num mundo que já não crê nos verdadeiros valores, porque já não
crê em Deus, contemplar hoje todos os santos é recordar para onde vamos e qual
é o sentido da nossa vida! Não tenhamos medo de ser de Deus, não tenhamos medo
de testemunhar o Evangelho, não tenhamos medo de alimentar nossa visa com o
Cristo, na sua Palavra e na sua Eucaristia para sermos inebriados da vida do
próprio Deus.
Infelizmente, muitos hoje têm como heróis os
atletas, os atores, os cantores e tantos outros que não têm muito e até nada
para ensinar. Quanto a nós, que nossos heróis e modelos sejam os santos e
santas de Cristo, que foram heróis porque se venceram e correram para o Cristo!
Que eles roguem por nós, pois o que eles foram, nós somos e o que eles são,
todos nós somos chamados a ser.
Todos os Santos e Santas de Deus, rogai por nós!
Pe. Rosevaldo Bahls
CASCAVEL, DIA 31 DE 10 DE 2012
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