quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dia de Finados



“Para os que Creem no Cristo a vida não é tirada, mas transformada e desfeita essa nossa habitação terrena, nos é dada no céu uma eterna mansão”.
Esta é a nossa fé, esta é a fé da Igreja e esta é a razão pela qual rezamos por nossos queridos que já partiram e rezamos em comunhão como nossos falecidos.
As leituras que nos propusemos comentar para a liturgia de hoje nos ajudam a entender esta  crença de que a vida não termina aqui e que tudo o que o ser humano vivencia na sua existência terrena é uma preparação para a vida definitiva, para a eterna mansão.
Assim o livro da Sabedoria, como não poderia deixar de ser, usa sábias palavras de conforto: “A vida dos justos está nas mãos de Deus, aos olhos humanos parecem estar mortos, mas os que confiam no Senhor conhecerão a verdade”. Estas palavras apontam para a beleza da confiança naquele que fez o céu e fez a terra, depois de uma passagem na condição de imagem do criador as suas criaturas experimentarão a proximidade com o Pai e Senhor da vida.
Já no livro de Jó, o personagem não se deixa abalar pelos sofrimentos, provações e fragilidades desta vida. Sua confiança é para muito mais do que os dias na face da terra. “Queria que  estas minhas palavras fossem escritas na pedra: Eu creio que o meu redentor vive e que eu o verei face a face”.  Em outras palavras “A vida pra quem acredita não é passageira ilusão e a morte se torna bendita porque é nossa libertação”.
Aos Romanos São Paulo afirma: “De fato quando não tínhamos esperança Cristo morreu por nós”. A alusão que o apostolo faz aos povos que não conheceram o Messias serve também de conforto para a comunidade de Roma convidando-a para a  alegria em Cristo Jesus e na sua obra.
O autor do Apocalipse reforça a maior e mais clara necessidade humana, isto é, cultivar a virtude da Esperança.  “Eis que Eu vou fazer um novo céu e uma nova terra. As coisas antigas já se passaram”.  É Deus mesmo quem se propõe e garante que toda a experiência vivida até aqui é quase nada se comparada com a glória de tudo o que virá. Ele mesmo fará novas todas as coisas.
E o autor do evangelho de João confirma a missão de Jesus: “Eu vim para fazer a vontade do meu Pai. E a vontade é esta: que não se perca nenhum daqueles que ele me deu”. Por sua vez do ser humano é pedido apenas uma atitude: “crer no Filho do Homem”.  Para estes está garantida a vida eterna, ou seja, lhes será dada um condição que não termina com o que chamamos de morte, pelo contrário, esta se confirma como a passagem para a vida definitiva.
Em Lucas, prometendo o paraíso ao ladrão arrependido, Jesus mostra como está disposto a agir em relação a todos os que nele acreditam.
Compreender e atualizar estas palavras da sagrada escritura não é nenhuma pretensão de esconder a realidade da morte, muito pelo contrário, ela é real, traiçoeira e dolorida. Aos cristãos não cabe encarar a morte como um fazer de conta.  Viver na condição de quem caminha para a morte implica aceitar a finitude e a fragilidade de todos os projetos e todas as aspirações. Mas esta é a condição e a certeza que somos plenamente humanos e, portanto, vivemos aqui como imagem e semelhança de Deus.  Crer e preparar a vida definitiva  não é o mesmo que simplificar ou menos prezar o fenômeno da morte, nela nós encontramos Deus e então sim todos os limites, barreiras e fragilidades deixarão de existir. Daí advém nossa crença na comunhão dos santos e a importância de rezar por nossos falecidos.
Vida e morte se constituem então em mistério extraordinário e só encontram perfeito sentido em Deus e na sua Palavra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário