“Sim, o Senhor fez por nós grandes
coisas;
ficamos exultantes de alegria”
1ª Leitura Jeremias 31, 7-9
Salmo 125 (126)
2ª Leitura Hebreus 5, 1-6
Evangelho Marcos 10, 46-52
Quem é esse cego Bartimeu,
mendigando amor á beira de um caminho, senão o próprio homem, que não
conhecendo a Deus revelado em Jesus, lhe permanece indiferente? A pós
modernidade oferece ao homem Muitas “luzes” na ciência, na tecnologia, no
avanço das pesquisas, acontece que o ser humano, apropriando-se desses bens,
que são dons de Deus, julga ver tudo, compreender tudo, e sentindo-se Senhor
absoluto da situação, pensa e faz o que quer, usa sua liberdade da pior maneira
possível e fazendo coro ao racionalismo dos intelectuais, decreta a morte de
Deus. Entretanto, um belo dia este homem prepotente e arrogante, irá
descobrir-se como este cego de Jericó. Tem tudo mais não tem a graça de Deus,
que Jesus trouxe com a Salvação. Nesse sentido não se conhece, porque não
conhece a Jesus, é cego, porque não viu em sua vida a luz da verdade, está a
margem da verdadeira vida, é um milionário mendigando um pouco de amor àquele
que é amor.
Em um coração e uma alma,
ferida pela descrença, agonizante de vida e esperança, é que sai esse grito de
Bartimeu, ao saber que Jesus de Nazaré passava por ali, bem ao lado de onde ele
expunha
aos que passavam, a sua
miséria vergonhosa. “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!”. Foi assim
que Jesus, o
Verbo Encarnado de Deus,
encontrou o homem, morto pelo pecado, andarilho e mendigo á beira da estrada da
Vida, sem forças para caminhar, em sua cegueira tenebrosa. No canto da
Verônica, no caminho do calvário, inverte-se esse quadro e Jesus ocupa o lugar
que é do homem “Oh Vós todos que passais, vinde ver se há uma dor igual a
minha...”
Na verdade é a humanidade
toda que estava á beira do caminho, sucumbida em sua miséria, quem passa é
Jesus, que não fica indiferente as nossas chagas e feridas, como o Sacerdote e
o Levita, na parábola do Bom Samaritano, que ouviu por certo os gemidos daquele
homem caído á beira do caminho, Jesus também ouviu nossos lamentos e queixumes,
o grito desesperado de quem perdeu quase toda a esperança, “Senhor, Tende
compaixão”.
Sempre haverá vozes
contrárias, tentando abafar esse grito de quem já não encontra mais razão para
viver, há aqueles que como esse grupo numeroso que segue a Jesus, querem dele
se apossar, fecham o anúncio e a graça em suas “Igrejinhas particulares”,
idealizam um Jesus exclusivo que só atende a eles, os santos, justos e
perfeitos, é o grito dos casais em segunda união, talvez, é o grito de tantas
jovens mães solteiras, de drogados e prostituídos, de pessoas rotuladas como
irrecuperáveis, banidos de nossas relações, explorados pelo sistema pecaminoso,
e oprimidos muitas vezes pelo próprio poder religioso, de tantas igrejas que se
intitulam de “Cristãs”.
O grito de desespero não
passa despercebido por Jesus, quando o seu povo gemia sob o chicote dos Faraós
do Egito, Deus ouviu, viu e desceu para libertá-los. A Igreja de Cristo não
pode tapar os ouvidos diante de tantos que gritam, as vezes dentro da própria
comunidade, a Igreja de Cristo não pode abafar o clamor dos pequenos que
perderam a esperança e a ela recorrer, deve ser aquela que chama o cego, o
acolhe em seu meio, coloca as pastorais a disposição para lhe curar as feridas,
e mais ainda, o encoraja a fazer esse encontro pessoal com aquele que é a Vida,
a Verdade, o caminho . Coragem! Levanta-te, Ele te chama! Jesus chama esse
homem cego, morto, como um dia chamou a Lázaro, inerte no fundo de uma
sepultura. O chamado de
Jesus é para a Vida, para desencostarmos do barranco do comodismo, e de olhos
bem abertos, na visão da Fé, abraçar o discipulado com coragem e
desprendimento.
Impressionante a reação
do cego, ao saber que Jesus o chamava, sentiu-se importante, deu um salto e foi
ter com ele, jogando a capa de lado. Era a única coisa que possuía, mas
despojou-se dela ao conhecer Jesus, ao descobrir-se amado e querido por Deus,
ao sentir que todo esse amor está presente em Jesus, redobra a força e a
coragem, descobre a nova razão de viver, por isso consegue “pular” do seu
canto, Jesus é o seu protetor, o seu amor o envolverá totalmente, não precisa
mais de nenhuma outra capa.
O seu desejo de ver, manifestado com simplicidade
diante de Jesus, foi atendido, “Vai, a tua fé te salvou” – lhe dirá o Senhor.
Ir para onde? Para o caminho do discipulado. Salvos pela fé, todos os que
fizeram e fazem, essa experiência de ter uma nova visão, no encontro pessoal
com Jesus, tornam-se seus discípulos, ontem e hoje, e todos juntos, enquanto
Igreja, deixam-se conduzir pelo dinamismo desta vida nova, percorrendo as
estradas do mundo, para encorajar os que estão á margem, e chamá-los para se
encontrarem também eles com Jesus, a Luz Verdadeira, diante da qual as trevas
não resistem.
Pe. Rosevaldo Bahls
Cascavel, 14 de 10 de 2012.
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