HOMILIA
DO XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO A DIA 16/11/2014.
Os nossos talentos.
Primeira
leitura Provérbios 31,10-13.19-20.30-31.
Salmo
127.
Evangelho
Mateus 25, 14-30.
Sejamos servos bons e
fiéis!
A
justiça de Deus não é como a nossa, e pode nos surpreender. Pois os últimos
poderão ser os primeiros... Servir ao Senhor com fidelidade e confiança. Com a parábola
dos talentos, Jesus quer revelar‑nos nossa real condição. Poderíamos pensar
que somos livres e independentes e usar de nós mesmos e do que dispomos como
bem entendermos, sem ter de prestar contas a ninguém. Mas o exemplo dos servos
que recebem os talentos indica que somos criaturas de Deus. Nós mesmos, com
tudo o que somos e temos, pertencemos a Ele. Teremos de prestar‑lhe contas de
tudo, e disso dependerá o êxito de nossa vida. 0 que distingue os servos não é
a quantidade de talentos (com efeito, os
dons de Deus são variados e multiformes), mas sim a atitude individual. Os
dois servos bons, recebidos os talentos, põem logo mãos à obra, fazendo‑os
render o dobro, e prestam contas a seu senhor com prontidão, o qual os
reconhece como servos bons e fiéis. Um servo bom e fiel aceita de bom grado sua
posição e coloca‑se plenamente a serviço do seu senhor. Não segue as próprias ideias
e os próprios humores. Não se distancia de seu senhor, mas identifica‑se com
seus objetivos e seus interesses. Um servo fiel tem consciência do tesouro que
lhe foi confiado e cuida dele com esmero. Após terem superado a prova, aos dois
servos bons são confiados bens maiores. O senhor os chama a participar da
felicidade plena: "Entra na alegria
do teu senhor" (Mt. 25,21.23). Frequentemente no Evangelho se fala de
"entrar no reino dos céus (Mt.
5,20; 7,21;18,3), "de entrar na vida"
(Mt. 18,8‑9;19,6) e aqui se fala de "entrar
na alegria". Para os que foram admitidos a tomar parte do Reino dos
Céus, isto significa plenitude de vida e felicidade sem fim. 0 senhor não
afasta seus servos bons, mas os acolhe no seu âmbito de vida, na sua plena
felicidade. Não podemos atingir esse fim, que é a realização plena da nossa
vida somente com as forças, nem por meio de um caminho escolhido por nós
mesmos, mas somente a partir do serviço ao Senhor. Ambos os servos bons recebem
a mesma recompensa, que não é determinada pela medida do desempenho, mas sim
pelo empenho e fidelidade. 0 servo mau, já de início, revela um relacionamento
desfocado com o seu senhor. Sente sua dependência de maneira pesada, negativa,
opressora. Fica indignado com ele como se fosse um explorador que vive do
trabalho de outrem. Por isso, não se lhe submete nem age de acordo com a
vontade dele, Não desperdiça o que lhe foi confiado e não o usa para si mesmo.
Deixa‑o intocável e o restitui tal como recebeu. O senhor o chama de servo mau,
preguiçoso e inútil, alguém que fracassou completamente na sua missão. Por
isso, não o admite à sua íntima comunhão de vida, mas manda que seja lançado
fora nas trevas exteriores, onde não há alegria, mas choro por causa do
sofrimento e ranger de dentes, por causa da raiva pela ruína que cada um atraiu
para si mesmo (Mt. 8,12). 0 momento do confronto com o senhor só faz aparecer o
abismo de separação que o próprio servo foi cavando. A exclusão da comunhão com
Deus, significa trevas e escuridão, terror e desespero irremediáveis. É somente
colocando‑nos a serviço do Senhor, usando tudo o que nos deu e confiou de
acordo com sua vontade, que podemos alcançar a nossa realização. Não podemos
desperdiçar displicentemente nossa vida e nosso tempo, nossas possibilidades e
capacidades. Deus nos pedirá conta de tudo. É na confiança, porém, que
haveremos de servir a Deus, não no medo.
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