quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

SOLENIDADES DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO—DIA 24 E 25 DE 12 DE 2011DO ANO B




EVANGELHO (Lc 2,1-14)
"MISSA DA NOITE -

Vigília do Natal – E do dia de Natal - "Nasceu para nós o Deus-Menino”

O sentir medo faz parte do ser humano, principalmente na relação com Deus, todos os personagens do A T, desde os patriarcas até os profetas, sentiram medo quando Deus se revelou para confiar-lhes uma missão. O pecado e o sentimento de culpa nos fazem ainda mais medrosos diante de Deus, no NT percebe-se que constantemente os discípulos são dominados pelo medo em muitas situações na experiência que fizeram com Jesus, e em todas essas situações o próprio senhor irá lhes dizer “Não tenhais medo...”. Temos medo daquilo que não conhecemos, temos medo de algo que é muito maior que nós, temos medo de tudo aquilo sobre o qual não temos controle e nem a compreensão.
Temos medo das forças da natureza, medo presente em tantas fobias e traumas sofridos na infância ou adolescência, mas temos muito medo principalmente de Deus, infelizmente muitos fazem da experiência com Deus uma relação baseada no medo, de não ser amado, perdoado, compreendido e aceito. Qualquer rejeição nesta vida é dolorosa, mas o pensamento tenebroso de que Deus possa nos rejeitar algum dia, nos causa grande pavor e angústia.
Os pastores eram pessoas rejeitadas pela sociedade e religião, considerados impuros e incapazes de alcançarem à salvação, nem no templo podiam entrar e ninguém confiava em suas palavras. Eles representam neste evangelho da Noite de Natal, todas aquelas categorias de pessoas excluídas, marginalizadas, consideradas lixos da humanidade, irrecuperáveis e desprezadas, pessoas de tão baixa qualidade que não compensaria trabalhar para recuperá-las socialmente e moralmente. Cada um de nós conhece alguém nessas condições, talvez membro da nossa família, ou que more perto de nós, pode também ser alguém da comunidade, que muitas vezes olhamos com o canto dos olhos.
Nesta noite de natal Deus fez uma revolução, deixou de lado as noventa e nove ovelhas de Israel e se manifestou na pastagem, em primeiríssimo lugar aos homens desqualificados e desprezados, que diante de tanta rejeição social e religiosa, já tinham gravado no coração e na mente, que o Messias Salvador jamais viria para eles, mas somente para os justos praticantes da lei de Moisés, por isso, o primeiro sentimento que lhes invade o coração diante do anjo do senhor que lhes apareceu, é justamente o medo, talvez de um castigo ou condenação. Não é este por acaso, o sentimento que temos quando pensamos em nossa morte?
“Na tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor...”
Nasceu para vós - não nasceu para os que se consideram justos, santos e zelosos cumpridores da lei, é um salvador que fala a nossa linguagem, que tem a nossa carne, que é pobre e rejeitado, como os pastores, nem tinha um lugar confortável para nascer. O sinal confirma essa proximidade de Deus com os homens trata-se realmente do Emanuel, “Deus conosco” – não se trata de uma criança com super poderes, mas de um menininho pobre, deitado entre as palhas de uma manjedoura, envolto em faixas e que precisa dos cuidados de um pai e mãe, como qualquer criança.
Nesse dá para confiar, é um dos nossos! É igual a nós! É pé no chão! Capaz de sonhar os nossos sonhos, de ter no coração as nossas mesmas esperanças. Todo o céu se alegra e os anjos cantam os louvores de Deus. Anjos que estão em plena sintonia com o projeto de Deus, que para manifestar o grande amor pela humanidade pecadora, envia seu Filho Divino, da mesma natureza e essência, que livremente aceita o rebaixamento.
Ato salvífico que manifesta ao mesmo tempo toda glória e louvor a Deus, transmitindo também a paz aos homens por ele amados. A paz que derruba as barreiras entre Deus e os homens, a paz que abre o nosso coração para o amor e a graça trazida por Jesus de Nazaré! Não há mais razão para ter medo! Deus nos provou o seu amor, nesta noite Feliz!
Nestas palavras atribuídas a Zacarias pode-se ver um hino relacionando João Batista a Jesus. O hino compõe-se de duas partes. A primeira parte é uma ação de graças remetendo à tradição da eleição particular do povo de Israel. A segunda parte, diferenciada, onde, em lugar da "salvação dos nossos inimigos" e "de quantos que nos odeiam" é destacada a misericórdia e o perdão dos pecados, concedida pelo Senhor que vem no caminho preparado pelo menino que nasce. Os inimigos não serão destruídos, como pretendia a tradição de Israel, mas a paz será estabelecida pela misericórdia que remove a imputação de culpa do pecado, e pela conversão que leva à reconciliação. Jesus é o sol e o caminho que a todos ilumina e conduz a Deus.
Zacarias soube reconhecer a salvação de Deus, cumprindo-se na história de Israel, por meio da libertação trazida pelo poderoso Salvador, Jesus, suscitado no meio do povo. Finalmente, a tão esperada visita de Deus se concretizava, e a libertação, há séculos acalentada, se fazia verdade. A seu filho recém-nascido competia a tarefa de preparar os caminhos da libertação que estava próxima.
Com Jesus, renascia a esperança no coração do povo. Deus não se esquecera das antigas profecias. As promessas seriam realizadas e o povo, resgatado da escravidão a que fora reduzido. Sem dúvida, a servidão pior era a do pecado e do egoísmo. Fazia-se necessário uma remissão urgente. Só assim seria possível servir a Deus, de maneira agradável, na justiça e na santidade.
O Altíssimo, do qual João seria profeta, despontaria como luz para tirar a humanidade das trevas e das sombras da morte, a que o pecado a havia reduzido. Doravante, seria possível trilhar os caminhos da paz, deixando para trás a injustiça e a iniqüidade, fruto do pecado.
O canto de Zacarias, saudando o nascimento de seu filho, era de louvor pelas promessas cumpridas, mas também profecia do que Deus iria realizar.
Senhor Jesus, como Zacarias, eu louvo ao Pai pela fidelidade em cumprir suas promessas e agradeço o que sua misericórdia realiza em favor da humanidade.


Pe. Rosevaldo Bahls
Cascavel, 22 de 12 de 2011.

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