sábado, 8 de outubro de 2011

XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano A

CONVIDADOS PARA O GRANDE BANQUETE
Entre as imagens preferidas pelos profetas do Antigo Testamento para anunciar os tempos messiânicos e a alegria da salvação que o Messias iria trazer, está à imagem de um grande banquete festivo, sobretudo a idéia de um banquete nupcial. E, como resulta de todo o contexto da História da Salvação, trata-se das núpcias de Deus com seu povo - também isso tão decantado pelos profetas - e, mais concretamente ainda, das núpcias do Filho de Deus com a Igreja, sua mística Esposa. Isso aparece, por exemplo, no texto de Isaías que lemos como primeira leitura da missa deste domingo, preparando nosso espírito para acolher o Evangelho. E um texto de alto Lirismo, que começa com esta proclamação: "Naquele dia, sobre este monte, o Senhor dos exércitos preparará para todos os povos um banquete de seletos manjares, um festim de vinhos generosos, de carnes gordas e tenras, de vinhos velhos purificados. E neste monte tirará o véu de luto que encobre os povos todos, e a mortalha que se estende sobre todas as gentes" (Is 25,6-7). Por onde já se pode ver que os planos de Deus são sempre planos de felicidade para o homem; e que essa felicidade só não acontece porque o homem se afasta de Deus. E como está no livro de Jó: "Quem é que resistiu a Ele e pôde ter paz (Jó,9,4)?" Não se pode desconhecer a semelhança entre a parábola do evangelho deste domingo sobre os convidados do banquete, e a que lemos domingo passado sobre os vinhateiros desonestos. Num caso e no outro há a rejeição de um primeiro grupo e a convocação de um segundo grupo. Embora rejeitado por alguns, o Evangelho terá sempre novos destinatários, e cumprirá sua missão de fazer felizes os homens, fazendo-os filhos de Deus. Na parábola de hoje, um rei prepara uma grande festa e um suntuoso banquete para celebrar o casamento de seu filho. Para o mundo oriental, o tema é sumamente fascinante. A parábola conta que, quando chegou a data da festa, o rei mandou prevenir os convidados para que ninguém faltasse. Porém cada um arranjou uma desculpa - negócios de última hora que era preciso resolver- e desmanchou o compromisso. Alguns, sem se contentar com a grosseria de recusar o convite, chegaram a maltratar e até matar alguns servos. Está aí, mais do que evidente, a atitude dos filhos de Israel- sobretudo os grandes do povo-que recusaram os planos de Deus e rejeitaram a pregação dos profetas e os mataram. Deus manda então outros servos para convidar a todos os que encontrassem e chamá-Ios para o banquete. São os pregadores do Evangelho, que se dirigem a todos os povos da terra, convidando-os a atender ao convite de Jesus. Como não pensar em todo o crescimento missionário da Igreja, que, numa caminhada avassaladora, vai transpondo todas as fronteiras das. nações e das culturas, "enchendo de convidados a sala do banquete?" Há quem veja nos convidados que arranjaram mil desculpas para não comparecerão banquete essas pessoas que, em vez de santificar o Dia do Senhor, transformam o domingo num dia de puro lazer. Em vez da missa e da Palavra de Deus, os divertimentos, nem sempre isentos de excessos e de pecado. A aplicação é justa. Mas a lição é mais vasta e mais profunda. Ela quer se referir a todos quantos preferem seguir seu egoísmo, sua cobiça, seu orgulho e sua vaidade, e deixar de lado a lei de Deus. Não só o decálogo, mas sobretudo o Evangelho, o Sermão da Montanha e, acima de tudo, o "mandamento novo" promulgado na Última Ceia: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 13,34). Religião não é apenas realizar atos de culto. É impregnar a própria vida com a essência da vida de Deus, da qual a graça trazida por Cristo nos faz participar. Ninguém irá deixar de participar dos atos do culto. Mas tratará de fazê-Io de maneira cada vez mais autêntica, não recusando a Deus nenhum momento de sua vida. O final da parábola - que tem toda a aparência de um acréscimo posterior - poderá ajudar-n9s nessa reflexão: Viver sempre revestido da marca de Deus. E o que ficou simbolizado pela "veste branca" que o ritual do batismo vem conservando desde os primeiros tempos da Igreja.


Pe. Rosevaldo bahls
padrerosevaldo@terra.com.br

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