quarta-feira, 14 de setembro de 2011

XXV Domingo do Tempo Comum - Ano A

18 de 09 de 2011.
OS OPERÁRIOS DA VINHA


A oração canônica da Igreja, rezada pelo clero, pelos religiosos e religiosas e por leigos mais integrados na oração litúrgica, é dividida ao longo do dia em quatro "horas": prima, terça, sexta e nona. Essa divisão é tirada do modo de contar o tempo usado pelos judeus. Á semelhança dos gregos e dos romanos, eles dividiam o dia, do amanhecer ao pôr-do-sol, em doze horas. Mas, na prática, depois das primeiras horas do dia, falavam apenas em hora terceira (das nove ao meio-dia), hora sexta (do meio-dia às três da tarde), e hora nona (das três ao fim da tarde). Jesus se refere a essas horas na parábola que nos conta hoje, pela palavra de São Mateus. A parábola fala de um proprietário de vinha, que saiu a contratar trabalhadores para a sua vinha. Saiu logo de manhã cedo e contratou alguns que encontrou, prometendo dar-lhes no fim do dia a paga de um denário. Era o que na maneira antiga de nossa língua se chamava um "jornal" (do latim "diurnalis"), como o trabalhador diarista se chamava "jornaleiro". Saiu de novo o proprietário pela praça na hora terceira, e contratou mais outros, com a mesma promessa de dar-Ihes o que fosse justo. Saiu de novo à hora sexta e à hora nona, e contratou mais outros, com a mesma promessa: pagar-Ihes-ia o que fosse justo. Já quase no fim do dia-à décima primeira hora, que corresponde às nossas cinco da tarde - saiu e encontrou gente ainda na praça sem trabalho, uma vez que ninguém os convocara, e mandou-os também para a sua vinha. Nem tudo na parábola é muito razoável, como isso de contratar trabalhadores no fim do dia. Mas são arranjos pedagógicos de que Jesus se servia para as finalidades de seu ensinamento. A parábola continua dizendo que, ao findar o dia, o patrão mandou a seu administrador que pagasse os trabalhadores, começando pelos últimos. E eles chegaram e receberam cada um, um denário. Depois vieram os outros, que tinham começado a trabalhar desde cedo. Vendo como tinham sido pagos os da última hora, ficaram na esperança de receber mais. Porém receberam apenas o denário que Ihes tinha sido prometido. Naturalmente reclamaram contra o patrão que pagava o mesmo aos que tinham trabalhado apenas uma hora, e a eles que tinham suportado o peso do cansaço e do calor do dia inteiro. À primeira vista, o homem realmente não estava sendo justo. Mas a parábola não está dando uma lição de justiça social. E vem então a explicação do proprietário da vinha a um dos que reclamavam: "Meu amigo, não estou sendo injusto para contigo. Não tínhamos combinado que receberias um denário? Toma o que é teu e vai em paz. Se eu quero dar a este último o mesmo que te dei, não tenho o direito de fazer com o meu dinheiro o que eu quiser? Ou estás vendo de maus olhos o bem que eu estou fazendo?" (Mt 20, 13-15). A parábola quer mostrar a gratuidade dos dons de Deus e a grande liberalidade com que nos dá seus favores. Nosso relacionamento com Deus não é um negócio baseado em número e quantidade. Tudo o que fazemos é sempre muito pouco em relação aos dons celestes. E Deus é sempre o que nos dá seus dons com infinita grandeza de coração. Recebe os pecadores depois de uma longa vida afastada de Deus, como fez Jesus com o Publicano Zaqueu, com a Madalena e com todos os "filhos pródigos" que encontrou no seu caminho. E Jesus tinha certamente em vista os judeus - sobretudo os fariseus - que se - julgavam privilegiados por terem sido de longa data fiéis à lei de L Moisés, e não viam com muito bons olhos a entrada para o Reino ( anunciado por Jesus, de pecadores e publicanos. Esta parábola tem sido usada tradicionalmente na Igreja para se falar dos que são chamados ao sacerdócio. Em diversas épocas da vida: jovens, adultos. ..até na terceira idade. Entrou muito o modo de se falar em "operários da undécima hora".




Pe. Rosevaldo Bahls
padrerosevaldo@terra.com.br
Cascavel, 11 de 08 de 2011.

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