sábado, 14 de fevereiro de 2015

HOMILIA DO VI DOMINGO TEMPO COMUM DO ANO B DIA 15/02/2015.

A LITURGIA DE HOJE CONFIRMA NOSSA FÉ NA PROVIDÊNCIA E NA AÇÃO COMPASSIVA DE DEUS.
Primeira leitura 2ª Reis 5,9-14.
Salmo 31(32).
Segunda leitura 1º Corintios 10,31-11,1.
Evangelho 1,40-45.
A cura do leproso
Naquele tempo, curar um leproso era como ressuscitar um morto. Porque na mentalidade de todos, um leproso já era uma pessoa condenada a morte, já estava, portanto morto, ser leproso era o mesmo que já está morto. Para nos guiar na meditação da Palavra de Deus deste Domingo, tomemos o Evangelho que acabamos de ouvir. “Um leproso chegou perto de Jesus”. No tempo de Cristo, toda doença na pele que oferecesse perigo de contágio era considerada um tipo de lepra; tornava a pessoa impura. Ouvimos na primeira leitura: “O homem atingido por esse mal andará com as vestes rasgadas, os cabelos em desordem e a barba coberta, gritando: ‘Impuro! Impuro! Durante todo o tempo em que estiver leproso será impuro; e, sendo impuro, deve ficar isolado e morar fora do acampamento”. Alguém assim que se aproxima de Jesus: ferido, excluído do convívio da Assembléia de Israel, colocado fora da Cidade, um morto-vivo... Um leproso não podia tocar as pessoas: elas se tornariam impuras como ele; um leproso não convivia com sua família, não podia entrar na Casa do Senhor prá rezar com seus irmãos: era um Zé ninguém: “Impuro! Impuro!” – ele gritava, com a barba coberta em sinal de luto e profunda tristeza... É um homem assim que se aproxima de Jesus; tem a ousadia de chegar junto dele, sem medo de ser repelido, repreendido, desprezado. E, do fundo de sua miséria, ele suplica: “Se queres, tens o poder de curar-me”. Quanta confiança, quanta esperança! Que oração brotada do mais profundo da dor! O que fará Jesus? Sua reação é absolutamente inesperada: ele faz algo que a Lei proibia: “Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero: fica curado!” Notai irmãos! O Senhor estendeu a mão, o Senhor tocou o leproso! Não precisava fazê-lo, não deveria fazê-lo! Segundo a Lei, Jesus deveria ficar impuro também, ao menos até o entardecer... Por que tocou o leproso! Não poderia tê-lo curado sem tocá-lo? O próprio Evangelho explica: ele teve compaixão! Quis estar próximo daquele miserável, quis que ele se sentisse amado, acolhido! Jesus não nos ama de longe, não vê de modo indiferente a nossa miséria: ele se faz próximo, ele nos toca, ele compartilha nossa dor! Assim Deus faz conosco! E, para nossa surpresa, ao invés da impureza contagiar Jesus, é Jesus que contagia o leproso com a sua pureza! O Reino chegou: em Jesus, Deus vai libertando a humanidade de toda sua lepra, da lepra do seu pecado! Na ação de Jesus, compreendemos que o amor é mais forte que o egoísmo, que a luz é mais forte que a treva, que o bem é mais forte que o mal, que a graça é mais poderosa que o pecado, que a vida é capaz de vencer a morte! “No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado”. Eis o bem, eis a graça, eis a salvação que o Senhor nos veio trazer! O profeta Isaías, havia anunciado: “Ele tomou sobre si as nossas dores, ele carregou nos ombros os nossos pecados! Eram nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores que ele carregava (Is. 53,4-5). Jesus curou o leproso e o Evangelho diz que ele “não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, nos lugares desertos.” Vede bem que, com essa linguagem, o Evangelho deseja afirmar que Cristo, curando o leproso, assumiu o seu lugar: agora, o homem que antes vivia nos lugares desertos, entra na cidade, volta a ser alguém; quanto a Jesus, fica fora, assume o lugar do homem: tomou sobre si as nossas dores! Um grande mal da nossa época, uma grande ilusão, é achar que não temos pecado, pensar que somos maduros e integrados. Não somos capazes de reconhecer nossas lepras, somos incapazes de suplicar, temos medo de ajoelharmos diante do Senhor, o Senhor da cura: “Senhor, se queres, podes curar-me”! E por que isso? Porque somos autossuficientes: olhamo-nos, examinamo-nos não à luz do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, mas à luz de nós mesmos. Pensamos que somos senhores do bem e do mal, do certo e do errado! É tão comum vivermos de modo contrário à vontade do Senhor e ainda, cheios de orgulho e soberba, dizermos que estamos certos... É tão comum querermos moldar Jesus e a sua Palavra nosso bem querer... É tão freqüente a ilusão que podemos jogar de lado os ensinamentos da Igreja, sobretudo no campo moral... E assim, vamos construindo nossa vidinha do nosso modo, modo de pecador, modo de leproso, modo de doente: doença da ida sem desejo de volotar, da descrença, da indiferença, da falta de fé! Reconheçamo-nos pecadores! Mostremos ao Senhor a nossa lepra. Mas de que forma? Primeiramente, deixando que sua Palavra nos fale e nos mostre nossos erros, nossas manhas, nossos males. Depois, à luz da Palavra do Senhor, façamos, com frequência, o sincero exame de consciência e tenhamos a  coragem de olhar de frente o que pensamos, falamos e fazemos contrário ao Senhor. Sinceramente arrependidos, procuremos o Senhor no sacramento da Confissão e, confessando nossos pecados, busquemos o perdão, a cura de Cristo, nosso Deus. Quantas vezes evitamos a Confissão! Quantas vezes fugimos da Confissão, desobedecendo às normas da Igreja, que só a buscamos quando não suportamos mais o peso de nossa consciência. Somos autossuficientes. Deveríamos aprender do Salmista, na missa de hoje: “Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: ‘Eu irei confessar meu pecado’! E perdoastes, Senhor, minha falta!” Mas, não! Teimamos em não levar a sério nosso próprio pecado! Julgamo-nos juízes de Deus e da Igreja! Terminamos, então por comungar indignamente, esquecendo que a Eucaristia, traz vida para quem a recebe bem, traz também morte para quem não a recebe com as devidas disposições... Chega de um cristianismo morno, chega da falta de coragem de nos olharmos de frente! Senhor, cura-nos! Senhor, somos leprosos, somos pecadores, nossos pecados mancham não a nossa pele, mas o nosso coração, o mais profundo da nossa alma! Senhor, de joelhos, como o leproso do Evangelho, te suplicamos: cura-nos e seremos curados! Dá-nos a graça de reconhecer nossos pecados; dá-nos a coragem e sinceridade de confessá-los; dá-nos a graça de experimentar teu perdão, de cumprir generosamente a penitência e de procurar com responsabilidade emendar a nossa vida! Tem piedade de nós, ó Autor da graça e Doador do perdão! A ti a glória para sempre!



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