HOMILIA DO XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM DO ANO DIA
12/10/2014. SOLENIDADE A NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA, SOLENIDADE.
O PRIMEIRO MILAGRE.
PRIMEIRA LEITURA ESTER 5, 1-2;7,2-3.
SALMO 44(45).
SEGUNDA LEITURA APOCALIPSE 12, 1.5.13.15-16.
EVANGELHO JOÃO 2, 1-11.
MULHER
NÃO CHEGOU MINHA HORA.
Irmãos e irmãs.
Hoje celebramos a festa de Aparecida, a padroeira do Brasil. Na festa de
Caná, a mãe de Jesus veio lhe dizer que os donos da festa não tinham mais
vinho. Ela sabia que seu Filho poderia dar um jeito. Jesus respondeu secamente:
"Mulher, por que
dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou." Mulher? Por que Jesus não disse: Minha
mãe...? Essa é a pergunta daqueles que não aceitam Maria como a mãe de Deus.
Antes de tentar esclarecer a postura um tanto ríspida de Jesus, vamos dar uma
olhada na situação da mulher naqueles tempos. Nos tempos de Jesus, a mulher
era subestimada e em tudo era considerada inferior ao homem, o qual era o
seu dono, e até podia vender a filha como escrava.
A situação da mulher era
muito humilhante e desumana. Ela não podia dispor do ganho do seu trabalho, não
recebia instrução religiosa, pois julgavam-na incapaz para compreender, não
podia ser testemunha nos tribunais, por causa da sua inclinação a
mentira, tinha de permanecer em casa, caso precisasse sair em público era com o
rosto coberto com dois véus amarrados na cabeça, não podiam estar sozinha no
campo, poderiam ser compradas, no templo elas ficavam separadas dos
homens, ficavam sempre em lugares inferiores, elas não eram contadas por
mais numerosas que fossem ( na multiplicação dos pães eram 5.000 homens sem
contar mulheres e crianças), isto porque também as crianças assim como os
escravos e os estrangeiros, eram desprezados pelos homens. A mulher não participava das peregrinações a
Jerusalém nas grandes festas anuais, não podia pronunciar a ação de graças à
mesa, nas refeições, embora seja obrigada a cumprir todas as proibições da Lei
religiosa, e era submetida a todo o rigor da legislação civil e penal,
inclusive a pena de morte. Nenhum homem poderia encontrar-se a sós com
uma mulher, olhar para uma mulher casada, muito menos saudá-la, ou falar com
uma mulher na rua, principalmente se fosse estranha. Jesus quebrou
essa regra quando esteve na Samaria e naquele poço d'água, conversou longamente
com a samaritana conhecida publicamente como de má conduta, estrangeira,
idólatra e considerada maldita pelos judeus, o que causou espanto até aos
discípulos. Culturalmente a superioridade masculina era uma
realidade pertinente não só entre os judeus, mas também entre os gregos e
romanos. Os homens gregos agradeciam aos deuses pelo fato de não ter nascido
mulher. Podemos observar que no Antigo Testamento, as palavras: piedosos,
justos e santos não são escritas na forma feminina.
Assim naquela
cultura antiga, só os homens eram os santos, os competentes, e as mulheres só
serviam para procriar e eram a causa de todos os pecados. As mulheres eram
consideradas impuras durante o tempo da menstruação, não participavam do
banquete quando havia hóspedes em casa, nem mesmo podiam servir a comida, elas
não tinham o direito de pedir o divórcio, só o marido podia. O marido
tinha o direito de expulsar a mulher de casa se ela fosse à rua sem cobrir a
cabeça e o rosto. O marido podia repudiar a mulher com divórcio, se ela ficasse
pela rua falando com as pessoas ou se ela deixasse a comida se queimar, e ainda
se ele encontrasse outra mulher mais bonita que a sua. O homem (rico) podia ter várias mulheres, e a
esposa tinha a obrigação de tolerar as demais mulheres do seu marido em casa.
Se a noiva tivesse relações com outro homem, seria considerada adúltera e
condenada a morte por apedrejamento, e estrangulamento para as adúlteras
casadas. Já para os homens não havia castigos. Jesus combateu toda a
descriminação da mulher. Jesus enfrentou e combateu a todas as injustiças, principalmente
estas que acabamos de ver e que era fruto daquela estrutura patriarcal egoísta
e machista. Jesus combateu aquela sociedade dominada pelos homens,
que deixavam as mulheres fora de todos os seus privilégios, tratando-as com
desprezo, e deixando-as numa situação de inferioridade. Foi por isso que
Jesus disse: "Os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os
primeiros. " Referia-se aos saduceus que se julgavam os primeiros a
entrar no Reino dos Céus, e as mulheres as últimas. (Do mesmo modo, os pobres,
analfabetos por não poder ler a Lei...) Pois o Reino de Deus, segundo
Jesus, foi preparado para todos sem discriminação ou exclusão de ninguém.
Bastando que pecadores públicos, prostitutas, ladrões se arrependessem e se
convertessem.
Jesus mediante a sua
prática de vida, devolveu à mulher os seus direitos como ser humano filhas de
Deus, merecedora de um lugar na vida social e religiosa, como os homens, com a
mesma dignidade, categoria e direitos que o homem. Portanto, Jesus repugnou em público,
aquelas leis e costumes ridículos e discriminatórios que desprezavam as
mulheres, negando sua dignidade e seus direitos. Esse foi mais um
dos motivos pelos quais Jesus foi condenado à morte de cruz. Por ter com isso
arriscado o seu prestígio e sua vida diante dos judeus. Jesus tinha um grupo de
mulheres suas discípulas, as quais ajudavam Jesus e aos discípulos com os bens
que possuíam. Confira em (Lc 8, 1-3 e Mc15,40-41). Não se tratava de
um envolvimento de Jesus com mulheres, mas sim, era um modo de enfrentar os
costumes discriminatórios daquela sociedade machista. Ao dizer mulher,
para a sua mãe, ao contrário do que alguns possam pensar, Jesus não estava sedo
ríspido ou mesmo desrespeitoso para com aquela que o gerou e o
carregou em seu ventre, mas sim, pelo contrário, Jesus estava dizendo aos
demais ali presentes, que aquela era a mulher mais santa e mais importante de
todos os tempos. Aquela santa mulher, representante de todas as mulheres da
Terra, era e é o modelo de mulher que deveria ser copiado por todas as demais.
Aquela mulher, assim como todas as mulheres do mundo, deveria ser respeitada, e
não apenas vista como um objeto de prazer, ou uma procriadora como o faziam os
judeus naquele tempo, assim como acontece com os judeus dos nossos tempos. “Maria é a mulher nova que representa, com
Cristo, a amizade restabelecida com Deus, que o pecado tinha quebrado”. Como
Cristo é o novo Adão, Maria é a nova Eva. Maria é a cristã perfeita, a primeira
discípula de Jesus, aquela que escuta a sua palavra, guarda no coração e medita
sobre ela, a fim de transformá-la em vida.
Junto
com a Igreja, Maria canta a glória de Deus realizada em Cristo em favor dos homens.
“Hoje a mulher está liberada demais. Isso é o
resultado daqueles tempos em que a mulher nem podia mostrar o seu rosto em
público. E como toda mudança leva ao extremo do contrário, ao excesso, ao
exagero do oposto, isso é o que explica a excessiva liberalidade feminina dos
dias de hoje. Naqueles tempos a mulher era obrigada a cobrir até o rosto com um
pano. Hoje ela se exibe principalmente na internet sem nenhum pano,
causando a queda de muitos que lutam para serem castos e puros. Podemos
citar como exemplo disso, o fato de que a iniciativa nem sempre é mais do
macho, mas sim da fêmea. Amigo. Como você trata as mulheres? Para você elas são
inferiores aos homens? Elas foram feitas apenas para o prazer? Ou elas são a
causa de todo o pecado do mundo! Você trata as mulheres com o mesmo
respeito que trata as mulheres da sua casa? Sua mãe e suas irmãs? Nas
Bodas de Caná se comemorava o aniversário de um casamento, cujos momentos
felizes eles queriam preservar. Com certeza aquele casal se uniu com as
bênçãos de Deus e os dois fizeram juras de amor eterno Hoje os casamentos não
são realizados com juras de amor eterno, mas sim, têm data de vencimento.
Infelizmente, a frase: Até que a morte
os separe está sendo questionada, pois ao que parece, a luz da dura
realidade, a nova frase parece ser: Até
que o desamor nos separe. Isto porque são tantas as
agressões à família atual que nos tira a esperança de um amor eterno quando
vemos um casal de noivos subindo o altar. E infelizmente toda essa
decepção presente nas famílias modernas está acontecendo pela ausência de Jesus
durante o namoro. Jesus tem sido deixado de fora dos nossos lares, e as
consequências estão sendo desastrosas. O casamento ideal é aquele
que é copiando das Bodas de Caná, aquele que tem Jesus e Maria como convidados
de honra.
Quando deixamos Cristo entrar na nossa vida,
tudo fica mais agradável e mais fácil. Maria forçou Jesus a
antecipar a sua hora, para que o momento de carência dos donos da festa se
convertesse num momento de um “vinho novo, um vinho bom”, o qual manteve viva a
chama de amor e alegria dos convidados. Podemos tirar duas lições deste
Evangelho das Bodas de Caná. Uma que mostra a divindade
de Jesus em seu primeiro milagre. A outra lição é baseada na força da intervenção
suplicante de Maria. Pois somente a intervenção de Maria, fez com que
Jesus antecipasse a sua “hora”, ou seja, a manifestação de sua glória
através de fatos extraordinários, chamados de sinais ou milagres. Portanto, o
acontecimento de Caná nos mostra a força intercessora de Maria em nosso favor,
junto ao seu filho Jesus. Por isso, nós não adoramos, mas sim veneramos
Maria.
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