terça-feira, 10 de abril de 2012

5ª FEIRA SANTA DIA 05 DE 04 DE 2012 DO ANO “B”








O CÁLICE POR NÓS ABENÇOADO É A NOSSA COMUNHÃO COM O SANGUE DO SENHOR.

A liturgia de hoje deve fazer penetrar em nós, – por seu rito e pela palavra que o explica, o sentido salvífico da cruz de Cristo, no sentido de que nós, cristãos, aceitando o esvaziamento de Jesus por nós e associando-nos a seu modo de viver e morrer entremos na comunhão eterna com ele e com o Pai.

“Ensina-nos a amar”… não sabemos amar, muito menos amar até o fim. Quem no-lo ensina é Jesus. “Antes da Páscoa… amou-os até o fim… eu dei o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu vos fiz” (Jo 13,1. 15).

A 1ª. Leitura de Êxodo fornece o fundo histórico para situar a última Ceia como refeição pascal na vida de Jesus e nas raízes judaicas da liturgia cristã. Conta à instituição da refeição do cordeiro pascal no antigo judaísmo, com o sentido salvífico que Israel aí reconhece: a libertação da escravidão.

A história que João nos relata situa-nos nesse contexto da páscoa. Para os judeus a ceia pascal é a principal celebração em memória de sua história, e, portanto, de sua identidade como povo. Comemoram a passagem do Senhor Deus, que os libertou da escravidão e fez deles seu povo. Jesus, celebrando a Páscoa com seus doze discípulos, fez da Páscoa o memorial de sua passagem: sua missão da parte de Deus e sua volta ao Pai, através do dom de sua vida na cruz. Fez da Páscoa o memorial do seu amor até o fim.

O gesto do Lava-pés é o gesto por excelência que Jesus realiza na Última Ceia.
É um gesto profundamente inquiridor: por isso, deve levar-nos a entender a sua profundidade e a sua ingerência na nossa vida. Estamos muito distantes da atitude do Senhor. … Ou nos aproximamos dele e o entendemos na sua missão e no seu modo de ser e de fazer… ou nos excluímos do seu projeto… e, por conseguinte do projeto do Pai. (… e aí, adeus, paraíso!… Para onde iremos?…)

Mais do que um gesto de humildade, o Lava-pés é uma demonstração muito concreta de compromisso de amor, de fraternidade. … “Amai-vos como eu vos amei”. Dai a vida como eu a dei por vós. Hoje – quinta-feira santa – este Jesus da última Ceia não é um Jesus romântico, mas um Jesus real que nos questiona a vida, que nos mostra o caminho (- difícil, sim! -) de esquecer-nos para ir ao encontro do outro. Não nos acostumamos com o sermos chamados de servos ou escravos ou servidores (é muito radical, é muito doido, é muito baixo, não condiz conosco mesmos).

Como entender? Para isso mister se faz, pararmos … olharmos o crucificado …e deixarmo-nos penetrar por sua mensagem, por suas atitudes, por sua vida, por seu amor.
É difícil entender esse Jesus? … É lógico que é difícil entendê-lo… Ele não tem meias medidas… Faz do jeito dele… Não nos pede opinião… É radical demais… vai além dos limites… E tudo isso é muito, mas muito difícil mesmo!

Tentemos entender alguma coisa.
É preciso começar pelo princípio: Deus é amor. E amar é sair de si e ir ao encontro do outro. Essa é a definição básica e fundamental de amor, aliás, a única. Não dá para ajustá-la ao nosso jeito… Esta é a grande questão! Queremos que Deus nos ame. Queremos sentir-nos aconchegados por Deus. Mas não sabemos não nos dispomos e não temos coragem de sair de nós mesmos (deixar nossos interesses) e ir ao encontro dos outros para levar aconchego, carinho, compreensão, solidariedade, perdão, … abrir o coração e deixar que os outros entrem!

Porque celebrar a Páscoa? Para entendermos Jesus Cristo!
É um memorial: revivemos o gesto de amor do Filho de Deus, hoje atualizado na nossa vida… aqui na nossa celebração. Amor por nós: por mim, por você!
É uma era nova, uma vida nova. O amor do Filho de Deus nos libertou para sempre: o mal e a morte não têm mais a palavra final. Somos livres (como os passarinhos) porque Jesus nos libertou e abriu as portas da eternidade, da vida divina.
É uma nova era de partilha. Abre-se o horizonte para sairmos das trevas da ignorância, da ganância, do acumular quanto melhor e depois não saber nem o que fazer com tudo o que acumulamos. E pior ainda, depois de tudo, não alcançamos a felicidade, a tranquilidade, a alegria, e a tão almejada paz de espírito.
Um novo modo de viver:a partilha.
Se abrirmos os olhos e o coração à mensagem do Filho de Deus descobrirão que a partilha, ela, sim, traz alegria, contentamento, felicidade, paz.

Páscoa – Celebração Pascal – Cordeiro Pascal – Última Ceia de Jesus Ceia do Corpo e Sangue do Senhor. É aqui que nos encontramos hoje. Um Jesus que nos toma pela mão (e nos leva ao seu coração) para ensinar-nos a abrir o nosso coração – a Ele, ao Pai e aos irmãos. Somente assim celebraremos com Jesus a Páscoa que nos renova verdadeiramente: a Páscoa de Jesus, a nossa Páscoa de hoje em caminho para a nossa Páscoa definitiva na casa do Pai dele e nosso!

Pe. Rosevaldo Bahls.

Cascavel, 02 de 04 de 2012.

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