segunda-feira, 18 de julho de 2011




XVI Domingo do tempo do ano “A” de 17 de 07 de 2011
“Deixai crescer juntos o trigo e o joio até a colheita.”

A liturgia do XVI Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do "Reino"; e convida-nos, sobretudo, a interiorizar essa "lógica" de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens. A primeira leitura fala-nos de um Deus que, apesar da sua força e onipotência, é indulgente e misericordioso para com os homens – mesmo quando eles praticam o mal. Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem "humanos", isto é, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus. O Evangelho garante a presença irreversível no mundo do "Reino de Deus". Esse "Reino" não é um clube exclusivo de "bons" e de "santos": nele todos os homens – bons e maus – encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva. A segunda leitura sublinha, doutra forma, a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo – dom de Deus – vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena. Mateus (Mt 13,24-43) Jesus aparece no Evangelho deste domingo como um contador de contos. Não outra coisa são as parábolas: contos singelos e breves, dirigidos aos mais singelos e, por isso mesmo, ao alcance de todos. Mas são contos que levam muitos argumentos. São como tesouros de sabedoria camuflados em histórias simples. Não é difícil as entender a primeira vista. "O Reino de Deus é como...". Jesus não faz um tratado de teologia senão conta histórias que abrem a mente de seus ouvintes e lhes convida a voar com sua imaginação. Para compreender o que é o Reino de Deus, o Reino de seu Pai, de nosso Pai. Esta história pequena e singela nos diz que o Reino de Deus se parece com um homem que semeou boa semente em seu campo (não se parece a um campo com boa semente e discórdia). Parece-se também com o grão de mostarda (o menor, mas que se faz grande quando cresce e acolhe a todos abaixo de sua sombra). Parece-se também à pequena porção de fermento que faz que toda a massa fermente. São ações singelas, ordinárias, pequenas. Mas que sempre provocam grandes transformações. A semente que semeia aquele bom camponês termina por crescer e dar uma boa colheita, apesar de que entre a boa semente também apareceu algo de discórdia. O grão de mostarda é muito pequeno, mas, quando cresce, é capaz de acolher aos pássaros que fazem ninhos em seus ramos. O fermento misturado com a massa de farinha aparentemente desaparece, mas no silêncio da noite faz que toda a massa se converta em pão, que alimenta e dá vida. E converte-se por sua vez em fermento que fermentará outras massas.Deus opta pelo pequeno e singelo. O Reino de Deus é assim: começa como algo muito pequeno, sem quase presença pública. Deus não opta pelos grandes meios, não invade nosso mundo com seus poderosos exércitos de anjos. Deus escolheu o caminho da encarnação. Fez-se homem em Jesus de Nazaré. Fez-se um de nós. Com todas as conseqüências. Caminhou por nossos caminhos. Sentou-se à mesa conosco. Tocou nossas feridas. Jesus não pretende nos convencer com razões indiscutíveis ou livros reflexivos. O seu é falar em parábolas de forma que todos possam entender. Seu Reino crescerá na medida em que as pessoas abram a Ele seu coração. Simplesmente. Deus atua com sumo cuidado. Está cuidando de tudo e julga com moderação, como diz a primeira leitura do livro da Sabedoria. Por seu Espírito acode em ajuda de nossa debilidade e intercede por nós com gemidos inefáveis, como diz a carta aos Romanos. Deus é o fermento que se mete em nossa vida e, tarde ou cedo, converterá nosso corpo mortal em fonte de vida para o mundo.Nosso compromisso pelo pequeno e singelo Logo será responsabilidade nossa fazer deste mundo um lugar mais habitável para todos. Um lugar onde, como no Reino, todos encontrem um lugar onde fazer seu ninho, onde habitar à sombra do Pai que nos ama. Um mundo mais justo onde ninguém fique excluído e não tenha acesso à mesa da eternidade.O cristão, o discípulo de Jesus, é como a mostarda, como a boa semente que se semeia no campo do mundo, como o fermento. Com sua presença, com seu compromisso, com sua vida, aqui e agora, vai fazendo deste mundo o Reino, vai construindo a casa comum onde todos se sentem colhidos, salvados, reconciliados, amados. Agora é nossa responsabilidade fazer que a mostarda cresça e que a boa semente se semeie que o fermento se enterre na massa. Seguros de que a discórdia não triunfará, porque é Deus mesmo que está ao cuidado da colheita.
Pe. Rosevaldo Bahls
padrerosevaldo@terra.com.br
Cascavel, 15 de 07 de 2011.

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